Polícia chegou a chefes do tráfico depois de fotos postadas em perfil no Facebook
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O traficante Piná, ao chegar na Cidade da Polícia, no Jacarezinho Foto: Luiz Ackermann / Agência O Globo |
Sem camisa e de bermuda, com uma pistola Glock na
cintura, Bruno Eduardo da Silva Procópio posa em frente a um espelho. Depois do
selfie — autorretrato feito geralmente com o celular — o traficante posta outra
foto em seu perfil do Facebook, desta vez com um muro bege com listras laranja
e três carros na garagem, com um portão de madeira. As imagens ajudaram agentes
da Polícia Federal a chegar ao número 80 da Rua Custódio Alves, na Praia de
Tucuns, em Búzios, onde estavam escondidos e foram presos dois dos criminosos
mais procurados do Rio. Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, também passava o
feriadão no mansão.
No último domingo, Piná postou cinco fotos na rede
social. Nas outras três imagens, aparecem dezenas de latas de cerveja em cima
de mesas e dentro de um freezer. Nem o comparsa nem suas mulheres e filhos
aparecem nas publicações do perfil.
Agente da Delegacia de Repressão a Entorpecente
(DRE) já sabiam que os dois bandidos estavam no balneário desde a última
quarta-feira, mas com as fotos dos detalhes puderam chegar até a localização
correta da residência, alugada pela internet por R$ 7 mil. O contrato foi fechado
pela mulher de 2D.
Os policiais, com a ajuda de homens da
Subsecretaria de Inteligência e da Polícia Civil, fizeram uma varredura na
região e, às 11h40m da última segunda-feira cercaram a casa. A dupla foi
capturada e trazida para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, de helicóptero.
Os dois estão presos na unidade de segurança máxima de Bangu 1, no Complexo de
Gericinó, na Zona Oeste.
Acusados de comandar o tráfico no Complexo do
Alemão e da Penha, respectivamente, 2D e Piná pertencem à maior facção
criminosa do estado. Eles são apontados pela polícia como os responsáveis,
junto com Luís Claudio Machado, o Marreta, que está foragido, pelo planejamento
e execução da série de ataques às UPPs da região, no mês passado.
De acordo com as investigações, apesar de terem
viajado para Búzios, os criminosos não teriam deixado de ordenar os ataques.
Durante coletiva de imprensa, na segunda-feira, o delegado da DRE Carlos
Eduardo Tomé afirmou que a dupla foi responsável pelas ações violentas que
aconteceram no sábado, no Morro do Caramujo, em Niterói.
Foi justamente na comunidade, na Região
Metropolitana, que os bandidos teriam buscado abrigo depois que a polícia
apertou o cerco no Alemão e na Penha.Piná e 2D ficaram em Niterói até a semana
passada, quando retornaram para seus redutos. De lá, partiram para a Região dos
Lagos para o feriadão.
De soldados
a crefes do tráfico
Os dois criminosos nasceram e foram criados nas
próprias favelas em que comandavam o tráfico de drogas até serem presos. Piná
veio da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, e 2D da Grota, no Complexo do
Alemão. Os traficantes tornaram-se soldados do crime na adolescência e, com a
ocupação dos conjuntos de favelas, em novembro de 2010, a dupla foi ganhando
posto na hierarquia da quadrilha. Atualmente, eram tidos como as lideranças “de
frente” no controle da região.
Com as prisões dos chefes da facção — como Fabiano
Atanázio da Silva, o FB, em janeiro de 2012 — os bandidos foram ganhando ainda
mais status. Eles eram os responsáveis por executar as ordens de criminosos que
estavam dentro de presídios, inclusive em unidades federais de segurança máxima
fora do estado do Rio. Até a última segunda-feira, o Disque-Denúncia
(2253-1177) oferecia recompensas de R$ 5 mil por informações sobre Piná e mil
reais por 2D.
Fonte: Extra
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